Confira aqui comentários de um motociclista de viagem...
Texto por Policarpo Jr
Tenho 38 anos, há 14 ando de moto. Pouco tempo, conheço motociclistas que começaram a andar de moto desde criança. Não tenho conhecimentos técnicos sobre mecânica de motos, então faço comentários como um usuário comum.Gosto muito do estilo das motos Custom, das quais já tive a Yamaha Virago 250, Honda Shadow 600, Yamaha Drag Star 650 e a Suzuki Boulevard M800. Com essa última realizei em novembro de 2009 uma motoviagem de São Paulo ao Deserto de Atacama no Chile, percorrendo pouco mais de 7000km.
Desde março/2011 estou realizando uma viagem entre os pólos das Américas, sai de São Paulo, fui até Ushuaia (extremo sul da América do Sul) e estou subindo até o Alasca, de onde pretendo voltar também rodando. Escrevi esse texto enquanto estava de passagem pela linda Costa Rica. A estimativa é rodar acima de 60.000km durante a viagem. Dessa vez estou utilizando um modelo Big Trail, a Suzuki V-Strom 650 (
Policarpo Jr e a M800 em viagem para o Deserto de Atacama
Sou daqueles que crê que qualquer moto nos leva para qualquer lugar. O que muda, conforme o modelo escolhido é o nosso conforto e performance ao pilotar.
Tanto a Boulevard M800 como a V-Strom 650 são ótimas motos para longas viagens. A limitação da custom é não ser apropriada para rodar em terrenos que não sejam asfaltados, ter o tanque para 16 litros e não ser confortável para a garupa. 0 design da Custom agrada aqueles mais tradicionais. O design da V-Strom agrada os mais contemporâneos.
Quando fui com a Custom M800 para o Deserto de Atacama, rodei exclusivamente no asfalto. Já com a V-Strom 650 já subi por estrada de terra até a base do Vulcão Villa Rica (Chile), rodei por mais de 600km em estradas de rípio (terra batida com pedras), rodei com neve na terra indo para Lapataia (Ushuaia) e passei na boa por estradas de asfalto com buracos no sul da Colômbia.
Amigos e Policarpo Jr na V-Strom 650 na praia do Casino (Rio Grande do Sul)
Tanto a M800 quanto a V-Strom 650, por terem injeção eletrônica, rodam bem em altas altitudes. Motos carburadas sofrem e mesmo retirando o filtro de ar, não conseguem rodar em altas altitudes em velocidade cruzeiro maior.
No Brasil, como temos poucos modelos de motos disponíveis, a Yamaha XT 660 e a BMW G 650 GS são consideradas concorrentes da V-Strom. Na minha opinião essas motos nada tem a ver com o modelo da Suzuki, já que são motos mais off-road. A V-Strom é uma moto on-road, mas apropriada para pequenos trechos off-road. Até comparativos entre a V-Strom 650 e a Kawasaki Versys 650 já li no Brasil. Mas o que tem a ver uma moto com a outra?
Outro comparativo que acho um absurdo é entre a nova Super Ténéré 1200 com a BMW GSA 1200. A moto alemã no Brasil custa mais que R$ 30 mil de diferença! Deveriam começar o comparativo assim: com o dinheiro que se gasta com a GSA, compramos uma Ténéré e uma Honda Transalp 700 0KM, agora vamos ao comparativo...
Yamaha Super Ténéré 1200
O chato (mas isso atinge todas as motos comercializadas no Brasil) é o preço da V-Strom. No Brasil custa R$ 34.500 (equivalente a U$ 19.200). No Chile o modelo V-Strom 650 Expedition (com vários acessórios e ABS) sai por U$ 14 mil. No Equador o mesmo modelo comercializado no Brasil sai por U$ 12 mil, no Panamá por U$ 10 mil e nos EUA por U$ 8.500. Nosso país é o mais caro de todos os países das Américas.
No mais, creio que agora (finalmente depois de 20 anos em todos os outros mercados do mundo) com a Honda Transalp 700, temos mais uma opção de boa moto para grandes viagens. E no Brasil, por ser a Honda a empresa com o maior número de concessionárias, a fama "Honda é Honda" pode ajudar na escolha.
E as motos acima de 700cc? Bom, ai depende do seu bolso amigo. Mas, creia, para empreender uma longa viagem não fará muita diferença você rodar numa moto grande. A maioria dos motociclistas que empreendem longas viagens (dessas que se cruzam continentes) utilizam motos de média cilindrada (até 700cc).
Outra boa novidade para nós brasileiros é a retomada da empresa americana das concessionárias Harley Davidson no país, parece que em breve, assim que a reestruturação estiver concluída, os proprietários e futuros consumidores da lendária marca americana, serão tratados como merecem.
Agora, tem uma turma ai que é apaixonada por Harley Davidson, outra que é apaixonada por BMW. Para esses, comparativos não existem, sempre as motos das suas paixões são as melhores. E vai discutir com um motociclista apaixonado, vai...
Moto é moto, escolha a sua. O importante é curtir e viajar!
Fonte: Texto por Policarpo Jr (38 anos) - RockRiders.com.br