segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Operação Jaspion 3

Polícia detém 14 motociclistas

Noventa pessoas foram multadas por trafegarem acima do limite de velocidade na BR-060. Prática é perigosa e tem feito vítimas
Motocicletas esportivas de ‘jaspeiros’ apreendidas ontem pela Polícia Rodoviária Federal


A Polícia Rodoviária Federal (PRF) multou ontem 90 motociclistas, apreendeu 37 veículos e deteve 14 condutores que trafegavam na rodovia BR-060 em alta velocidade. A iniciativa faz parte da Operação Jaspion 3, lançada pela corporação com o objetivo de evitar que mais mortes ocorram e que outros condutores sejam expostos a riscos.
Com a operação, a PRF pretende flagrar os motociclistas conhecidos como jaspeiros – numa referência ao personagem do seriado japonês que utilizava uma moto chamativa –, que conduzem em alta velocidade no trecho da BR-060 entre Brasília e Goiânia. Duas pessoas morreram pilotando nestas condições somente neste ano, informa a PRF. De 2010 para cá, grupos de amigos, todos conduzindo motocicletas potentes, saem nas manhãs de domingo de Goiânia, Brasília e Anápolis com destino ao Restaurante Jerivá. Os grupos têm se tornado cada vez maiores, assim como os problemas causados pela alta velocidade praticada por eles na rodovia.
A multa que os autuados ontem deverão pagar é de R$ 540. Os que tiveram as motos apreendidas também tiveram de pagar pelo deslocamento das mesmas até o posto policial da PRF e ainda prestar esclarecimentos no 1° Distrito Policial de Anápolis. “As motos apreendidas são dos motociclistas que trafegavam em grupo e em alta velocidade na rodovia. Segundo a legislação, o tráfego de dois veículos ou mais nessas condições caracteriza a prática de racha", explicou o superintendente regional da PRF em Goiás, Julio César Gomes.
Assim que a polícia começou a parar os motociclistas, muitos ainda discutiram com os policiais, alegando não estarem conduzindo acima da velocidade permitida. O gerente comercial Sérgio Antônio, que estava vestido com macacão especial, ficou indignado com a apreensão da sua moto.
Os radares da PRF marcaram 195 quilômetros por hora quando ele passou. “Meu grupo só anda até 110 quilômetros por hora. Hoje eu estava a 105. Nosso grupo não se enquadra nessa história de racha." A velocidade mais baixa registrada pelos radares foi de 163 quilômetros por hora e a mais alta, 210 quilômetros por hora.
Um dos policiais conversou com os motoristas para alertar sobre o perigo e sobre as leis que permitem a apreensão das motos. Diante da insistência de muitos em afirmar que não estavam acima da velocidade, os policiais os informaram sobre a existência de câmeras filmadoras no local. O vendedor Marcelo Bonifácio, foi um dos que negou estar acima da velocidade. “Eles me disseram que eu estava a 195, o que eu acho que não é verdade. Esta é a primeira vez que ando de moto nessa rodovia", falou, mostrando que não estava vestindo trajes especiais.
Enquanto a PRF realizava a operação no quilômetro 50 da BR-060, dezenas de motociclistas tomavam café da manhã no Restaurante Jerivá. A reportagem do POPULAR conversou com um grupo de Brasília, que contou já estar sabendo da operação. O assistente parlamentar Caetê Beck, de 26 anos, foi de Brasília até o restaurante com a sua moto Suzuki Bandite 650. Ele contou que o programa de domingo consiste em passear com os amigos e trocar ideias, inclusive sobre motos. “Nós só andamos até 110 quilômetros por hora. Alta velocidade deve ser praticada em autódromos. Confesso que tenho vontade de correr, mas não faço isso porque acho perigoso."
Apesar da moto de Caetê ser esportiva, alguns dos seus amigos estavam com motos geralmente utilizadas pelos grupos de estradeiros, que são veículos de guidão alto, muitos da marca Harley Davidson. Segundo a PRF, jaspeiros e estradeiros geralmente não se misturam, e o intuito destes últimos é passear, ao contrário dos jaspeiros, que amantes de altas velocidades.
perfil
A operação realizada ontem pela PRF ocorreu após estudo do perfil desses motociclistas pelo serviço de inteligência da polícia, conforme explicou o superintendente regional da PRF. “Esses motociclistas entendem que a pista da BR-060, que é um rodovia duplicada, é propícia para a realização de corridas em suas motos potentes. São pessoas de poder aquisitivo alto que gastam muito dinheiro não só com as motos esportivas - que custam entre R$ 80 e R$ 150 mil - nas quais eles ficam inclinados para frente, mas com roupas especiais e capacetes caros", descreve.
Segundo o superintendente, essa prática é arriscada não só para os próprios motociclistas, mas para as outras pessoas que trafegam pela rodovia. O barulho alto das motos potentes também assusta os outros motoristas, aumentando as chances de ocorrerem acidentes.
As duas últimas vítimas, Jaimir Matsui, de 52 anos, e Isaque Ribeiro, de 23 anos, bateram suas motos em uma curva no quilômetro 72 da rodovia. O acidente de Isaque ocorreu no último dia 16, uma semana após o de Jaimir. Ambos pilotavam acima de 200 quilômetros por hora, perderam o controle das motos e bateram contra a grade.
Fonte: Jornal O Popular.

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